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ARTIGO

A quem interessa calar Greta?

"Crianças europeias causam uma comoção que crianças negras jamais causarão. Mas de que vale atacar Greta com isso?"

27.set.2019 às 18h52
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h52
João Pessoa - PB
Acauam Oliveira
Greta Thunberg - Adolescente denunciou o Brasil de Jair Bolsonaro e outros países em discurso na ONU

Greta Thunberg - Adolescente denunciou o Brasil de Jair Bolsonaro e outros países em discurso na ONU - Reprodução

Hoje eu tive o desprazer de acompanhar grupos bolsonaristas e esquerdistas compartilhando o mesmo meme para atacar Greta Thunberg, a jovem ativista sueca. Nele, a imagem de garotos africanos pobres é utilizada para ironizar a pauta "white people vegana" da adolescente. Não é a primeira vez que isso acontece, mas não deixa de ser irônico, afinal trata-se do mesmo grupo que assiste Bacurau como se fosse uma espécie de previsão do Nostradamus sobre a resistência antibolsonaro (grupo este que, caso Bacurau existisse, certamente chamaria os guerrilheiros de “vândalos que fazem o jogo da direita”). Desenvolvimentistas de esquerda e direita já se deram as mãos em outros momentos da história, com resultados bem sinistros. Mas nem é esse meu ponto. O fato é que essa curiosa "sintonia" me trouxe à lembrança outra polêmica, já jurássica, envolvendo determinada peça de vestuário – não o interessantíssimo caso do vestido azul ou dourado (que, a propósito, era dourado!), mas aquele outro ório que gerou calorosos debates radicais ao longo de uma semana inteira: o famosíssimo turbante de Thauane.
Em linhas gerais, pode-se dizer que naquele caso, o movimento negro saiu “derrotado” frente a opinião pública (uma rápida consulta no google confirma esse ponto). Claro, para os que abraçaram a polêmica e a apoiaram desde o início, não houve derrota alguma – dentro da própria bolha os resultados são sempre os que esperamos que sejam, pois a medida são os likes dos seguidores. Mas fora da bolha prevaleceu a imagem de um “movimento negro” raivoso a atacar insensivelmente uma menina com câncer por um fato que poderia se resolver muito mais tranquilamente e de forma bem mais humana (caso aceitemos que fosse necessária uma "resolução" nesse caso). Convenhamos: as chances de que a opinião pública seja favorável num caso desses, ainda mais em um contexto de desagregação das forças progressistas, é praticamente zero. E mesmo em caso de “vitória”, seu âmbito será tão que causa sérias dúvidas sobre a necessidade do esforço e do desgaste. Vários negros (dentre os quais me incluo) inclusive consideraram o episódio desnecessário, exagerado e insensível, e isso a despeito da relevância (ou não) do tema, também distorcido, da apropriação cultural. Em suma, trata-se de uma armadilha e um tiro no pé, a menos que se considere uma vitória para o movimento negro a viralização de um texto de solidariedade da gaúcha Eliane Brum (talvez um ponto positivo às avessas esteja no fato de muitas pessoas terem percebido o quanto que o conceito de apropriação cultural precisa ser tratado de forma mais rigorosa. Mas isso é muito mais uma reflexão a partir da derrota do que uma vitória propriamente dita).
Corta para 2019, e uma parcela da esquerda resolve atacar uma adolescente sueca austríaca diagnosticada com síndrome de Asperger. Garota essa que tem comovido o mundo a tal ponto que figuras como Trump e Bolsonaro (e seu exército de adolescentes de 30 anos) tem se mostrado visivelmente constrangidos. Aparentemente, crianças europeias que perdem aula em nome de uma causa maior ainda criam algum tipo de empatia que ajuda a mobilizar a opinião pública (ocupações dos secundaristas feelings).
(Ah, mas ela é "rasa" e pobre de conteúdo… Meu amigo, estamos falando de uma adolescente de 16 anos em um mundo em que as pessoas acreditam sinceramente que a terra é plana. Tu jura que o argumento é esse?)
E é precisamente sobre esse ponto que se concentram as críticas: crianças brancas europeias causam um grau de comoção que crianças negras periféricas jamais causarão. A morte da jovem Ághata Felix, de apenas 8 anos, nunca irá causar uma comoção global como a imagem de uma criança branca europeia perdendo aula. De fato, o argumento é verdadeiro. Digo mais, trata-se da repetição do óbvio ululante. Entretanto, a questão que nos fica é: o que você faz com essa percepção nesse exato momento? Sério que a melhor ideia é se juntar ao Bolsonarismo para deslegitimar a voz da menina que vem ganhando simpatia para a causa ambiental? Isso ajuda a combater o racismo em que sentido? Qual o efeito prático disso? Conscientização? Sentimento de culpa dos que já se sentem culpados de antemão por seus privilégios? E fora do grupo (pequeno) dos convertidos, o que isso acarreta? Como no caso do turbante, não existe possibilidade alguma de "vitória" que não seja a afirmação de seus próprios valores com o mesmo grupo de apoio já consolidado. Uma derrota auto imposta e premeditada de uma militância que lembra aquele primo chato, adolescente, fã de Renato Russo e Los Hermanos que na época da Copa tira a camisa do Che Guevara do armário para "lembrar" a todos (na hora do jogo) que futebol é a “alienação da classe trabalhadora”, feita para fazer com que os pobres esqueçam que são explorados (como se realmente houvesse outra opção no mundo). Logo ele, que nunca trabalhou na vida.
Não existe vitória possível aqui. Se as fake news colam e Greta é desmoralizada, nem um o em direção ao combate ao racismo terá sido conquistado, e tolhemos a voz de uma garota que tem deixado claro para o mundo o quão infantis são os donos do poder – além de boicotar um espaço de mobilização real que tem funcionado a partir de uma pauta que engloba desde besteiras do tipo "não use canudo" até temas sérios como a destruição da Amazônia (que atinge diretamente o miliciano no poder) e críticas ao padrão de desenvolvimento capitalista – agronegócio incluso. Porque essa crítica ao estilo “meu pirão primeiro” convenientemente se esquece que a linha de frente da luta ambiental não são os brancos europeus que usam sacolas sustentáveis mas, como bem lembra Aline os, os indígenas, campesinos, quilombolas e ribeirinhos – e não deixa de ser sintomático que essa crítica se esqueça desses povos no exato momento em que cobra que Greta se lembre dos esquecidos. Por outro lado, caso a difamação não cole e Greta continue se destacando, essa parcela esquerdista será acertadamente taxada de pelega, desonesta ou, simplesmente, bem escrota. De todo modo, o movimento antirracista perde nos dois casos.
Enquanto isso o miliciano ganha a partida, tanto se Greta, desmoralizada, sair da sua cola, quanto se ela seguir mobilizando as pessoas, pois a esquerda irá aparecer como aliada ao governo por uma pauta comum. E Bolsonaro está autorizado a fazer besteira. A esquerda não.
Sim, uma garota negra pobre jamais mobilizaria tanta atenção quanto Greta. Mas se utilizar desse dado para atacar uma adolescente com autismo com memes violentos e baixos faz exatamente o que a favor do combate ao racismo? Difícil dizer. Já em relação aos likes obtidos, que é o nome real do jogo, o resultado parece ser bastante promissor.
*Acauam Oliveira é professor da Universidade de Pernambuco – UPE, campus Garanhuns, atuando na graduação em Letras e no Mestrado Profissional.

Editado por: Cida Alves
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