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Cultura

Movimento hip-hop denuncia há décadas as mazelas causadas pelo neoliberalismo chileno

Rapper Lenwa Dura, que viveu a ditadura de Pinochet, fala sobre a importância da música no "despertar" do país andino

03.dez.2019 às 11h09
Santiago (Chile)
Jéssica Moreira
Rapper afirma que o alto preço das tarifas do metrô foi apenas o estopim do levante popular: "Chile estava sendo roubado há muito tempo"

Rapper afirma que o alto preço das tarifas do metrô foi apenas o estopim do levante popular: "Chile estava sendo roubado há muito tempo" - Manson Fotografias/Divulgação

“Não era paz, era silêncio”. A frase, estampada em letras garrafais na praça Baquedano, em Santiago, resume as manifestações que eclodiram no Chile há mais de um mês.

“Plebiscito agora. Esta é a normalidade, as ruas são nossas”. Os muros trazem denúncias contra as desigualdades sociais ligadas ao sistema previdenciário, à privatização da saúde e da educação, e pedem também uma nova constituição, elaborada com a participação do povo, além da renúncia do atual presidente, Sebastián Piñera.  

A insatisfação do povo — vista hoje nos lambes, grafites e pixos que compõem a paisagem santiaguina — sempre esteve impressa na denúncia lírica do rapper chileno Amador Fabian, de 43 anos. Conhecido como Lenwa Dura, ele nasceu no bairro periférico de San Ramón, ao sul de Santiago, e sua infância foi atravessada pelos anos da ditadura de Pinochet.

Intervenções políticas em rua de Santiago, no Chile (Foto: Jessica Moreira)

Hoje, o músico mira com iração as grandes letras que mostram a revolta. Quando criança, no entanto, seus professores proibiam os desenhos que o menino fazia para ilustrar os atos que ia acompanhando sua mãe.  

“No final dos anos 1980, vivemos o mesmo que está acontecendo agora, em 2019, no Chile, com o toque de recolher. Muita gente desapareceu ou foi morta, mulheres foram violadas”, recorda-se.

“Nós, há um mês, voltamos à ditadura de Pinochet, porém, na democracia”, afirma antes de questionar o quão democrática é esta suposta democracia. “Estamos vendo que a polícia está matando gente, violando direitos, tirando sua visão”, lamenta.

Durante os protestos, ocorreram ao menos 200 casos de pessoas alvejadas no rosto por balas de borracha, disparadas pela polícia. Muitas ficaram cegas.

Às sete horas da tarde de 15 de novembro, uma fumaça vermelha subia na praça Itália, renomeada pelos manifestantes de Praça da Dignidade. Era o dia da Marcha do Milhão, a primeira grande marcha depois da aprovação do plebiscito para mudar a constituição e Lenwa estava lá.

No chão, bateria, as, gente pulando e cantando “o povo, o povo, o povo onde está? o povo está nas ruas pedindo dignidade”. Mãos seguram firme a bandeira do povo Mapuche, que vai ao alto dos antigos monumentos.

A música coletiva “Não mais medo – não vamos parar” traz, em seis minutos, um resumo de tudo que o povo está reivindicando.

É a triste história de um país afundado na roda gigante, com uma constituição que só enche o pote de alguns e hoje em tempos de rebelião eles levaram os militares para a rua. Enchendo seus óculos com sangue inocente

O trecho acima, escrito por Lenwa, faz ainda uma crítica ao atual presidente, dizendo que o seu tempo ou, já que o mesmo criou uma "guerra falsa” e agora a cidade o tem na mira.

 

“Posso dizer que, aqui no Chile, se você não tem dinheiro, você morre. Se não tem dinheiro, não tem educação, não tem saúde”, avalia o cantor.

Além das músicas, o rapper e outros músicos chilenos têm realizado diversos festivais reunindo artistas que denunciam as violações de Direitos Humanos cometidas durante os últimos dias no país. Lenwa cantou para milhares de pessoas no festival “Tocata para uma nova constituição”, na praça Graneros, em Santiago, e na cidade de Punto Alto, no Festival “Que nos Calem”.

“Minha música é uma crítica à sociedade chilena, que viveu muitos anos no limbo onde era muito comum a discriminação. Havia muito conformismo entre nós. Nos acostumamos a esse sistema capitalista, sempre. Nos acostumamos a ser individualistas”, afirma.

Para ele, é muito importante estar nas ruas e apoiar a juventude, que clama por mudanças para o país. “Rompeu-se um pouco a barreira das gerações”. Quando questionado sobre o que essa geração tem a ver com a sua, Lenwua não pestaneja: “eles não têm medo”.

Embora as altas tarifas do metrô tenham sido a estopim para as manifestações, o rapper acredita que o Chile já estava sendo “golpeado e roubado há muito tempo”.

Foi no cenário da pós-ditadura que o jovem Fabian encontrou no movimento Hip-Hop uma maneira de dizer tudo aquilo que nos anos de chumbo não era permitido. Assim, tornou-se o MC Lenwa Dura e, no início dos anos 1990, foi cofundador de um dos mais reconhecidos grupos de rap do país, o Tiro de Gracia.

Mesmo sem a divulgação da imprensa nacional, a banda de rap chegou a bater recordes de discos vendidos e o álbum Decisión, de 1999, foi eleito pela revista Rolling Stone como um dos seis maiores álbuns da história do rap chileno.

Com uma democracia ainda frágil, Lenwa começou a escrever letras carregadas de teor político e social ainda naquela época. As canções mostravam a desilusão das juventudes frente à vida, a repressão policial, a violência contra a mulher e como o sistema neoliberal adotado no país já naquela época reforçava as diferenças entre os mais pobres e os mais ricos.

Uma das canções mais emblemáticas foi “Viagem sem Rumo”, de 1997, que fala sobre a trajetória de um homem de classe baixa viciado em cocaína. A música incomodou o Ministério da Justiça, que impediu que ela fosse tocada nas rádios. “Já estávamos há quase dez anos sem Ditadura, mas censuraram na rádio porque tinha um contexto social muito forte”, conta.

Em 2001, o grupo já cantava os problemas da América do Sul, como na música “América”, que diz “terra vendida, explorada e ferida. América, com corrupção, maus trabalhos, exploração, racista, classista, há muitos brancos elitistas”.

Diante do atual levante, Lenwa lança, em 6 de dezembro, “El Rappero Solitário”, seu primeiro álbum solo. Produzido entre 2018 e 2019, o disco traz uma série de fatos que marcaram o Chile antes do boom das manifestações, como a morte do agricultor e líder mapuche Camillo Catrillanca, assassinado em 14 de novembro de 2018 pelas forças policiais do país, enquanto trabalhava na comunidade, localizada a 600 km de Santiago. As músicas falam ainda sobre machismo, os governos extremistas na América do Sul e do Norte e exploração juvenil. 

Lenwa tem como companheira, de trabalho e de vida, Solange Reis, 40, a Sol, mulher brasileira, negra, que também se soma aos manifestos no país que a abraçou desde 2017.

 


Sol e Lenwa Dura em protesto no chile em 15 de novembro. (Foto: Manson Fotografias/Divulgação)

 

Crescida na zona leste de São Paulo, Sol encontrou sua identidade no movimento Hip-Hop e agora fala sobre os desafios de ser uma mulher imigrante e negra em um país em colapso. "O Hip-hop tem a função de conscientizar, e aqui no Chile cumpre muito bem esse papel".

Juntos, lançaram o videoclipe “Carta de de um imigrante”, uma das faixas do novo disco, que narra a história de um haitiano que sofre com a xenofobia chilena.

“O chileno me ataca com seu falso ressentimento pensando que vou roubar seu trabalho. E por causa da minha cor de pele ele começa a olhar para mim de um modo ruim”, diz um dos trechos da música.  

"Não é fácil você entrar no supermercado e as pessoas te perseguirem. Aqui, isso acontece em 80% das vezes que eu entro em um local público", conta a rapper.

Na canção "Não mais medo" Sol também traz seu olhar como imigrante para os protestos. “Já temos uma canção na qual falamos sobre o que está acontecendo aqui no Chile. Todo o movimento hip-hop chileno está atento ao que a por aqui”.

 

Editado por: Julia Chequer
Tags: chilelevanteprotestorapresistência
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