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OPINIÃO

Artigo | Infodemia: a desinformação em tempos de covid-19

Na era da informação, a manipulação amplia-se pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus

04.ago.2020 às 15h42
Porto Alegre
Gilnei J. O. da Silva

"Cabe prosseguir adotando as recomendações da OPAS/OMS, que ajudam a combater a desinformação… E claro não acreditar no presidente Bolsonaro" - Reprodução

No contexto da pandemia atual, circula muita desinformação (informações imprecisas e falsas com a intenção deliberada de enganar) a respeito do surto de covid-19, fazendo menções de como o novo coronavírus se originou, a causa, a propagação e o tratamento, que tendem a mudar o comportamento de certas pessoas, levando-as a correr riscos maiores. Por isso a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) têm declarado terem surgido e se multiplicado exponencialmente rumores, desinformações e manipulações com intenção duvidosa. E que, na era da informação, esse fenômeno, ao qual se dá o nome de infodemia, amplia-se pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus [1].

Uma pequena amostra da infodemia está na análise da série de desinformação referente a covid-19 que circula nas redes sociais disfarçada de ciência, feita por organizações internacionais de checagem. Acerca disso, a Agência Lupa informou que, entre 1º de janeiro e 27 de julho, as plataformas de todo o mundo publicaram centenas de checagens de postagens sobre, por exemplo, a efetividade de terapias alternativas contra o novo coronavírus. Segundo expõe a Lupa, boa parte dos posts sobre curas usaram pesquisas científicas ou depoimentos de especialistas como “evidências” (falsas), para justificar e difundir que entre os tratamentos supostamente identificados pela ciência estariam cocaína, maconha, urina de vaca, chá preto, óleo de eucalipto, bananas, vapor, suco de melão-amargo, leite com gengibre, sêmen, enxaguante bucal, chá de limão, nicotina, luz do sol e veneno de abelha. Mas, essas mencionadas pesquisas nunca existiram ou eram antigas e foram tiradas de contexto, enquanto as pessoas citadas não tinham nenhuma especialização[2].

Verifica-se a repercussão disso na pesquisa on-line Ipsos Essentials, realizada com 16 mil adultos de 16 países, entre os dias 28 a 31 de maio de 2020, que mediu a crença em diferentes teorias a respeito do novo coronavírus [3], a partir de menções a serem classificadas como verdadeiras ou falsas. No Brasil, a pesquisa Ipsos revelou que 22% (dois em cada 10 ouvidos) creem como verdadeira a alegação de que expor-se ao sol ou a altas temperaturas previne a covid-19. Já 7% dos brasileiros acham ser verdadeiro o boato de que comer alho protege contra o novo coronavírus. E 18% (um em cada cinco) dos brasileiros qualificaram como verdadeira a frase: “Existe uma cura para Covid-19 e ela se chama hidroxicloroquina”. Conforme o estudo do Ipsos, dentro do universo dos 16 países pesquisados, permanentemente entre os três mais mal informados estão Índia, Brasil e México. No ranking da desinformação, sobre a ideia de que a hidroxicloroquina ou a cloroquina traria a cura da covid-19, os brasileiros são a segunda população que mais acredita nisso – só se perde para os indianos nesse quesito.

Mas essas constatações não são algo inédito na história. Em contextos endêmicos, nos quais a ciência custa a apresentar uma solução comprovadamente eficaz, considera-se comum que as pessoas em a apelar para todo tipo de solução que digam e difundam como uma salvação rápida. Acreditar em uma cura mágica, segundo a antropóloga e historiadora, Lilia Schwarcz, é fruto do negacionismo, da ideia de negar a ciência. E, assim, muitas vezes, a informação proveniente da ciência acaba por valer menos diante da sabedoria de esquina, que promete milagres [4].

Seguindo nessa trilha, ao falar do seu novo livro que está escrevendo sobre a gripe espanhola no Brasil, a historiadora comenta que, em 1918, popularizou-se no país o sal de quinino – entendido na época como um “santo remédio” –, as pessoas tomavam, desesperadamente, mesmo sabendo que era um remédio usado para malária. O interessante é que o sal de quinino seria substituído, anos depois, pela conhecida cloroquina. Mas há diferenças, ela aponta: em 1918, os dirigentes da Saúde e o presidente (Rodrigues Alves) não apoiavam o sal de quinino. Muito diferente de 2020, quando o presidente da nação (Jair Bolsonaro) comporta-se como garoto propaganda da cloroquina, associando seu posto elevado na hierarquia do Estado à promessa de cura, ao autorizar e estimular, do alto de sua ignorância, que a população tome essa medicação [5].

Aliás, não bastasse difundir a ideia não comprovada de que a hidroxicloroquina ou a cloroquina traria a cura da covid-19, dias atrás, o presidente Bolsonaro fez ainda menções à ivermectina (receitada para combater verminoses e parasitas, como piolhos, pulgas e carrapatos, em animais e seres humanos), como um suposto tratamento para a infecção pelo novo coronavírus. Após, constatou-se que muitas mensagens circularam no WhatsApp recomendando seu uso “para prevenir o contágio”, somado a declarações de alguns médicos estarem recomendando, nos consultórios e na internet, que as pessoas a tomem para evitar ou tratar a covid-19. Bastou isso para que, como noticiou a BBC News Brasil [6], muitas pessoas se convencessem de que a ivermectina poderia ter algum efeito contra a covid-19 e fossem atrás de forma descontrolada.

Nesse cenário ainda, o negacionismo, lembra Schwarcz, fica ainda mais evidente com informações falsas divulgadas massivamente – inclusive por ditas autoridades – que colocam em risco a saúde das pessoas. De fato, basta estar que, no Brasil, considera-se que a cloroquina figura no centro de ondas de desinformação sobre covid-19 nas redes sociais. Tanto que diversos rumores e teorias conspiratórias foram desmentidos desde o início da pandemia, entre outros canais de checagem, por meio do Projeto Comprova [7].

Entre as checagens, realizada pelo Comprova, já se mostrou serem enganosos um site com nome de vários médicos que sugeria haver consenso para tratamento do novo coronavírus e vídeos em que médicas sugerem ser comprovado que o uso da hidroxicloroquina e da ivermectina curem a covid-19. Também já se revelou estarem fora de contexto conteúdos que viralizaram recentemente sobre vacinas, medicamentos naturais e sobre o andamento da pandemia no Brasil [8].

É nessa complexidade que se está inserida: o surto de covid-19, a disseminação de desinformação, a infodemia, o negacionismo, o governo irresponsável… Apesar disso, cabe prosseguir adotando as recomendações da OPAS/OMS [9], que ajudam a combater a desinformação, a infodemia, tais como: evitar as fake news; identificar as evidências; verificar se a informação realmente faz sentido; denunciar os rumores prejudiciais; participar de conversas sociais com responsabilidade; confirmar a fonte, sobretudo em conversas no WhatsApp; não compartilhar, se não tiver como confirmar a fonte da informação e sua utilidade; continuar aprendendo e apoiar a ciência. E, obviamente – enquanto cientistas seguem buscando uma solução eficaz –, proteger-se e proteger aos demais da covid-19, adotando as recomendações de distanciamento social, usando máscaras, higienizando as mãos com água e sabão ou álcool gel. E claro não acreditar no presidente Bolsonaro.

 

* Gilnei J. O. da Silva é mestre em Direito, sócio-fundador do Instituto Dakini e integrante do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH)

 

Referências:

1 OPAS/OMS Brasil. Entenda a infodemia e a desinformação na luta contra a COVID-19, Disponível em <https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52054/Factsheet-Infodemic_por.pdf?sequence=14>.

2 Agência Lupa. Na pandemia de Covid-19, desinformação circula nas redes disfarçada de ciência. Disponível em <https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2020/07/30/coronaverificado-desinformacao-ciencia/>. Publicado em 30.7.2020.

3 Ipsos. Mitos e confusões sobre a Covid-19. Disponível em <https://www.ipsos.com/pt-br/mitos-e-confusoes-sobre-covid-19>.

4 Correio Braziliense. 'Crença em uma cura mágica' é comum em pandemias, diz Lilia Schwarcz. Disponível em <https://brasildefato-br.diariopernambuco.com/app/noticia/politica/2020/07/27/interna_politica,875636/crenca-em-uma-cura-magica-e-comum-em-pandemias-diz-lilia-schwarcz.shtml>. Publicado em 27.7.2020.

5 Lilia Schwarcz. Do sal de quinino à cloroquina: pensamento mágico no Brasil. Disponível em <https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2020/Do-sal-de-quinino-%C3%A0-cloroquina-pensamento-m%C3%A1gico-no-Brasil> Publicado em 27.7.2020.

6 BBC News Brasil. Ivermectina terá venda controlada após onda de rumores sobre tratamento para covid-19. Disponível em <https://brasildefato-br.diariopernambuco.com/portuguese/geral-53521344>. Publicada em 23.7.2020.

7 Projeto Comprova. Disponível em <https://projetocomprova.com.br>.

8 Projeto Comprova. “Texto engana ao dizer que cloroquina cura 98,7% dos pacientes com covid-19”. Disponível em <https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/texto-engana-ao-dizer-que-cloroquina-cura-987-dos-pacientes-com-covid-19/>. Publicado em 17.7.2020.

9 OPAS/OMS Brasil. Entenda a infodemia e a desinformação na luta contra a COVID-19, Disponível em <https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52054/Factsheet-Infodemic_por.pdf?sequence=14>.

Editado por: Marcelo Ferreira
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