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Artigo | Que o grafite tire as Ilhas do escondimento e a Bia da Ilha inspire a nossa militância

Beatriz Gonçalves Pereira é popularmente conhecida como Bia da Ilha ou Mãe Bia, para os seus filhos e filhas de santo

11.jan.2022 às 17h46
Porto Alegre
João Marcelo dos Santos

Os dois artistas responsáveis pela pintura, a suíça Mona Caron e o paulista Mauro Neri, prestaram homenagem à Mãe Bia - Foto: Hack Basilone

Muito se comentou sobre a obra artística inaugurada recentemente na parede lateral do prédio do DAER em Porto Alegre. Pouco atenção se deu à pessoa que serviu de inspiração para o grafite. Um incomodo silêncio sobre sua trajetória e suas raízes.

Não tenho credencial para descrever quem é a Beatriz Gonçalves Pereira, porém a invisibilização dessa mulher e da região onde habita me encorajaram a escrever um depoimento.

Trabalhamos em uma ONG chamada CAMP (Centro de Assessoria Multiprofissional), nos idos de 2007. Através da Bia conheci as Ilhas, portanto, começarei pelo lugar em que ela mora, pois “onde pisam os pés a cabeça pensa e o coração ama”.

A região das Ilhas do Arquipélago de Porto Alegre é formada por quatro ilhas mais povoadas: Ilha da Pintada, Ilha do Pavão, Ilha das Flores e Ilha Grande dos Marinheiros. Fazem parte de uma grande área de preservação ecológica do Delta do Jacuí. Um conjunto de pontes sobre o Rio Guaíba contribui para esconder essa região.

A Ilha das Flores ficou conhecida pelo controverso curta metragem produzido em 1989, que retrata um ambiente de descarte de lixo, onde seres humanos dividem alimentos com os animais, no caso, porcos. 

Certa vez visitei a Ilha do Pavão. Junto comigo estava a Bia da Ilha e uma equipe de uma das entidades de cooperação internacional que financiavam o CAMP. Na ocasião, presenciei uma jovem canadense chorar copiosamente. Nunca esqueço da frase que ela proferiu “isso aqui é pior que campo de concentração”. Nessa ilha, as pessoas vivem embaixo da ponte. Quando chove forte, nos meses de inverno, o lugar se transforma em uma cena dantesca.

A Ilha da Pintada é uma antiga vila de pescadores, é mais “desenvolvida”, é cheia de história e mistérios. Chama atenção as mansões na entrada da Ilha da Pintada. Aliás, nesta região, a elite se apropriou de terras que margeiam o rio Guaíba e construiu verdadeiros oásis, de tão escondidos, só são vistos quando se faz o eio no Cisne Branco (famoso eio de barco pelo rio Guaíba em Porto Alegre). O contraste entre a ostentação da riqueza e a humilhação da pobreza descreve as entranhas deste país.

Beatriz Gonçalves Pereira é popularmente conhecida como Bia da Ilha ou Mãe Bia, para os seus filhos e filhas de santo. Carrega no apelido a marca de sua organicidade, do seu chão. É neste ambiente que a Bia da Ilha realiza seu trabalho de politização e organização. É na Ilha da Pintada que cultiva sua religiosidade e tira o seu sustento, atualmente com uma Kitanda da Bia (espaço para venda de produtos orgânicos e artesanato).

Bia da Ilha é uma militante versátil apaixonada pelo Carnaval. Enfrenta todo tipo de dificuldade para manter a chama de uma pequena escola de samba (AFROSOL). Dona de uma voz belíssima e forte, costuma ser a vocalista da AFROSOL.

Quando a conheci atuava em um projeto chamado AÇÃO RUA. Uma rede de educadores populares que atendia crianças em alto grau de vulnerabilidade social. Através deste projeto conheci o sofrimento das crianças e suas famílias e descobri o quanto Porto Alegre esconde a realidade dessa população.  

A Bia poderia ter optado por outro lugar para morar. Mas não quis. Ela permanece no território. Bia poderia ter se institucionalizado como boa parte da militância de esquerda, inclusive esse que escreve. Mas não, ela resistiu. Enfrenta a incerteza e a insegurança do dia a dia para manter suas raízes e o sonho de melhorar o mundo a partir do seu chão.

A Bia enfrenta as contradições de uma liderança popular que coloca como centro a melhoria da condição de vida de seus vizinhos e não se verga aos cabrestos ideológicos que aprisionam boa parcela da militância de esquerda.

Mãe Bia é uma mulher negra que aprendeu cotidianamente a arte da resistência e do combate ao racismo. O seu conhecimento é prático. Sua escola é a vida. Seu diploma é o reconhecimento concreto dos seus vizinhos. Sua sabedoria é herdada de seus ancestrais que souberam utilizar os recursos materiais e simbólicos dos brancos para sobreviver em um ambiente de violência e negação.

Nos momentos de homenagem as palavras costumam mistificar as personagens. Não é isso que pretendo. Apenas quero que o esplêndido grafite da Bia da Ilha nos estimule a olhar para cima e enxergar uma imagem inspiradora e profética do que devemos ser e fazer.

*Assessor da CUT/RS

 

Editado por: Katia Marko
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