A economia brasileira cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre do ano ado. A alta foi apontada nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Apesar de tímido, o avanço do primeiro trimestre deve ser o maior do ano, segundo economistas.
O PIB é a soma de toda riqueza produzida por uma nação durante um determinado período. Nos três primeiros meses deste ano, o Brasil produziu R$ 2,249 trilhões. O valor é 1,7% maior do que o registrado no primeiro trimestre de 2021.
Levando em conta resultados trimestrais, essa é a terceira vez consecutiva em que o PIB brasileiro cresce. A última vez que a economia brasileira encolheu foi no segundo trimestre de 2021 – queda de 0,2% em relação ao primeiro trimestre do mesmo ano.
:: Brasil divide com Turquia título de países com inflação, juros e desemprego mais elevados ::
No início de 2022, o setor de serviços foi o que mais colaborou para o crescimento. Sozinho, ele representa 70% da economia do país, e cresceu 1%. O setor agropecuário, que havia crescido 6% no final de 2021, encolheu 0,9% nos primeiros meses de 2022. Já a indústria cresceu 0,1%, ou seja, praticamente uma estagnação. Nos três trimestres anteriores, o setor havia registrado queda na atividade.
:: Dieese: apenas 8% dos trabalhadores conseguiram reajuste acima da inflação em abril ::
Piora à vista
Para Sérgio Mendonça, economista e diretor do site Reconta aí, o resultado positivo do PIB no início do ano deve ser o melhor de 2022. Segundo ele, o aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, deve comprometer investimentos e consumo daqui por diante.
Hoje, a Selic em 12,75% ao ano, mas ela deve subir por conta da inflação.
:: No Brasil, quem recebe salário mínimo trabalha metade do mês ou mais para comprar cesta básica ::
“A taxa básica de juros básica ainda fará um estrago no crédito pessoal e de micro e pequenas empresas. E a inflação corroendo salários e rendimentos em geral completará o serviço impedindo o crescimento da demanda agregada”, prevê.
O economista Pedro Mattos também prevê piora na atividade econômica por conta dos juros. Ele ressaltou que o IBGE já registrou queda de 3,5% nos investimentos neste ano. Para Mattos, isso deve cair ainda mais.
“Além do aumento dos juros, há uma restrição das importações por conta da pandemia seguida pela guerra. Isso também tem impacto no investimento por conta da nossa dependência tecnológica”, explicou.
Leia mais: “É preciso que a eleição debata o preço da comida e da gasolina, o emprego e os salários”
O economista e professor Marcio Pochmann afirmou que os números revelados pelo IBGE apontam o fracasso da política econômica do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) para sustentar a recuperação da atividade após a pandemia.
“O desempenho demonstra a desaceleração do sistema produtivo, a qual é acompanhada pelo aumento dos preços”, disse Pochmann. “O Banco Central reage aumentando juros e isso tende a acarretar num desempenho deplorável da economia.”
