Um resgate das lutas pelos direitos e da população negra no estado de São Paulo: esta é a proposta da exposição Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência, no Memorial da Resistência da capital paulista. A visitação é gratuita.
A mostra, inaugurada neste sábado (4), fica em cartaz até maio de 2023. São mais de 450 itens em exposição, entre fotos, cartazes e documentos. Entre os artistas representados estão Bruno Baptistelli, Geraldo Filme, João Pinheiro, Moisés Patrício, No Martins, Renata Felinto, Sidney Amaral, Wagner Celestino e Soberana Ziza.
A curadoria é do sociólogo e escritor Mário Augusto Medeiros da Silva, com pesquisa documental da historiadora Pâmela de Almeida Resende e da pesquisadora Carolina Junqueira Faustini, do Memorial da Resistência.
Contexto: A luta contra o racismo no Brasil é uma luta de refundação nacional
O que os visitantes vão encontrar
Já na área externa, o público é recebido por um enorme , com mais de 20 metros de largura e quatro de altura, feito pela grafiteira Soberana Ziza. Batizado de Fio da Memória foi um trabalho inspirado na força das palavras das mulheres negras.
Dentro do espaço de mais de 600 metros quadrados foram estabelecidos oito eixos, que vão desde o período colonial. Também há espaço para a imprensa negra que já existia antes mesmo da abolição; assim como para a literatura, com destaque para Carolina Maria de Jesus, Lino Guedes e Oswaldo de Camargo.
Entenda: Racismo digitalizado: como funciona o preconceito impresso nos algoritmos?
Realizada no Memorial da Resistência, a exposição reúne documentos de vigilância do Departamento de Ordem Política e Social (Deops – que funcionava no mesmo prédio onde hoje fica o Memorial), e mostra as perseguições às práticas religiosas de matrizes africanas e afro-brasileiras por meio da Delegacia de Costumes.
Manifestações mais recentes, o Movimento Negro Unificado e a Coalizão Negra por Direitos, também são retratados, bem como o feminismo negro e a presença de intelectuais negras nacionais e internacionais em debates e publicações.
:: BdF explica por que o antirracismo é único caminho para desenvolvimento pleno do Brasil ::
"Não basta não ser racista: é necessário ser antirracista. Conheçamos um pouco da história da vida negra de São Paulo e suas lutas, vitórias, alegrias e dores. O presente e o futuro exigem muito dessa coragem de todas e todos nós", afirmou o curador.
"Entendemos que é urgente nos indagarmos enquanto cidadãos sobre a nossa responsabilidade na perpetuação do racismo e como podemos nos engajar na luta antirracista para construir uma sociedade verdadeiramente democrática. Esta exposição é um convite para seguirmos os fios tecidos por mulheres e homens negros em torno de suas memórias e fabulações por um futuro", complementou Ana Pato, coordenadora do Memorial.
Serviço
Exposição: Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência
Período: 04/06/2022 a 08/05/2023
Faixa etária: Livre
Entrada: Grátis
Local: Memorial da Resistência de São Paulo
Endereço: Largo General Osório, 66 – Santa Ifigênia
Horário: quarta a segunda, das 10h às 18h (fecha às terças)
