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Festa de Iemanjá

Entrevista | “A Festa de Iemanjá ganha proporção como um grande show, marcando nossa tradição”

Programação da Festa de Iemanjá, em Fortaleza, tem início neste sábado (13) e segue até o dia 17 de agosto

12.ago.2022 às 14h08
Fortaleza (CE)
Francisco Barbosa

É importante que as pessoas conheçam e respeitem, respeitem essa grande mãe, essa mulher, porque Iemanjá é uma mulher, mãe, acolhedora, que nos alimenta. - Foto: Thiago Maia/PMF

Nesta segunda-feira, dia 15 de agosto é comemorado o dia de Nossa Senhora da Assunção, padroeira de Fortaleza. A data também é marcada pela tradicional Festa de Iemanjá, que acontece na capital cearense desde 1950. Patrícia Adjokè, mulher de axé, professora, cantora e escritora falou com o Brasil de Fato sobre a programação da Festa de Iemanjá deste ano que vai acontecer em diversos pontos da cidade, bem como sobre a importância da sua realização para o combate à intolerância religiosa. Confira. 

Qual a importância da realização da Festa de Iemanjá?

Ela é um marco histórico de luta e de ocupação de território, porque quando a Festa de Iemanjá se inicia em 1950, ela vai para Praia do Futuro, que era onde só tinha areia, era chamado de Bairro de Areia, então ela se esconde ali. Se escondia porque os terreiros eram perseguidos, ainda hoje eles são, mas em menor grau comparando naquele período, há mais de 50 anos. Então os terreiros eram perseguidos, os pais de santo presos, a polícia ia e prendia, apreendia os atabaques, os tambores. Então esse grupo de pessoas de terreiros ia se esconder, eles faziam o seu culto, suas festas para Iemanjá na beira da praia, que é o seu território, o mar, as águas do mar, ali protegida pelas dunas.

Com o tempo, aquele bairro cresceu e a cidade se expandiu, então ficou concorrendo com algo que já estava acontecendo. A Festa marca esse território, marca essa história que reunia vários umbandistas e candomblecistas do estado do Ceará e também os que não são candomblecistas nem umbandistas, mas amam essas tradições, vão cultuar Iemanjá, vão respeitá-la, oferecer presentes, agradecer pela vida e também pedir. Então a Festa de Iemanjá é muito importante, tanto é que hoje ela é Patrimônio da Cidade de Fortaleza e estamos pleiteando do registro dela como Patrimônio do Estado do Ceará.

A celebração é também uma forma de combater a intolerância religiosa?

Sim. Totalmente. Olhe, eu já cheguei a ir para a Festa de Iemanjá à noite e eu via grupos de pessoas de outras religiões dizendo que “Só o Senhor é Deus!”. Ali era um assédio, um assédio moral, o que a gente chama de intolerância religiosa, mas também é chamado de racismo religioso, porque as religiões de tradições africanas e indígenas, que é a umbanda e o candomblé, elas sofrem esses ataques de racismo, que é a violência religiosa dentro de uma questão racial, de dizer que as religiões indígenas e negras são coisas do mal.

Então à noite aqueles grupos de pessoas, todas vestidas de preto e gritando palavras de ordem na calçada da Praia do Futuro, dizendo “Nosso Senhor é Deus!” é uma violência contra nós, contra todas aquelas senhoras e senhores que estão ali cultuando a sua espiritualidade, mas isso nunca nos abalou, nós continuamos lá, tanto é que já está com mais de 50 anos.

A Festa de Iemanjá ganha uma proporção como um grande show, vamos dizer assim, marcando a presença de toda a nossa tradição, nossos mitos, os nossos ritos, nossas ervas no território da cidade e também no território do Estado.


A Festa não é só o povo de terreiro recebendo caboclo, ela é luta, é resistência, é ocupar um território, é dizer que nós existimos, mas também falar de tradições milenares. / Foto: Thiago Matine/PMF

A Festa acontece desde 1950. Gostaria que você falasse um pouco sobre o que mudou na realização de 1950 para cá e quais foram as conquistas e os desafios até chegar 2022?

Essa pergunta é muito boa. A Festa muda a partir do momento que ela se desloca. Isso é comum acontecer. A Festa concentra vários grupos na Praia do Futuro depois um grupo migra para a Praia de Iracema. Assim… muitas pessoas veem isso como positivo, eu também vejo como positivo, que quanto mais festas mais a gente se organiza e toma conta do território.

Nós temos uma festa no Aquiraz, em Camocim que tem 50 anos. Então essa festa se fortaleceu mesmo sendo perseguida. É muito difícil. Quem acompanha, os grupos que estão à frente, mesmo ela sendo patrimônio e estando no calendário, ela não tem um recurso já pautado, tanto é que nas reuniões com as instituições públicas disseram: “Ah, mas vocês não agendaram logo a Aterro”, mas se essa festa acontece há tanto tempo não precisa agendar, o lugar já é da festa acontecer, não é assim? Então nós avançamos, mas sempre temos que estar correndo atrás, mas há o diálogo para segurança pública, com palco, a prefeitura entra com esse palco, o estado, mesmo estando em defesa eleitoral está dialogando, construindo.

E um grande avanço que nós tivemos é a patrimonialização da Festa de Iemanjá, que isso foi pensado pelos grupos, um diálogo dos grupos de terreiro, do movimento de terreiro, com o Conselho Municipal e o Conselho Estadual, porque nós ocupamos lugares nos conselhos e também nós temos na Secretaria de Cultura do Estado um comitê gestor constituído, comitê gestor das expressões afro-brasileiras e também temos o outro para o comitê indígena, que os indígenas dialogam, debatem a política cultural para os povos indígenas dentro do estado e nós, povos negros, povos afros, tradicionais, da capoeira, povo de terreiro, povo quilombola também dialogamos. Isso são avanços, grandiosos avanços. 

Qual o significado de ter uma celebração como essa na agenda cultural de Fortaleza?

O significado é que nós temos a valorização do nosso patrimônio. Fortaleza é uma cidade que derruba o patrimônio. Em outros municípios a gente ver o patrimônio preservado, mas dentro de Fortaleza as casas são derrubadas para ser estacionamento, as pessoas não conhecem a memória. Os beirais, por que tem beirais? Então tudo isso é patrimônio. A Festa não é só o povo de terreiro recebendo caboclo, ela é luta, é resistência, é ocupar um território, é dizer que nós existimos, mas também falar de tradições milenares, porque muito embora a umbanda tenha um marco referencial de registro, ela tem um registro, mas ela é muito antes desse registro, ela já acontecia, essa prática de culto aos ancestrais, de culto às mães d’água. Então a Festa de Iemanjá vem trazer toda essa discussão na cena da cidade.

O patrimônio da Festa não é só ela acontecer, é também ir para o currículo escolar, é ter editais que fortaleçam, publicações que fale das mães de santo, pessoas de história dentro do território do Ceará e do Brasil inteiro. Tudo isso são avanços, são conquistas. Pensa assim: “Quando é que se viu macumbeiro estar dentro do Theatro José de Alencar?”. Nós estamos lá há três anos, e assim, construímos essa Festa com muito diálogo e o diálogo é o princípio da democracia. A democracia não é fácil, mas ela é possível. Então a gente construiu e ela está linda.

Começa no dia 13 de agosto envolvendo a Feira Negra e a Casa de Chicas, que são duas feiras negras no estado do Ceará que vão acontecer dentro do teatro e na calçada, do lado de fora, dialogando com a comunidade que está ando por ali, enquanto nós estaremos em rodas de debate e em apresentações culturais. No dia 14, vai ser na Praia do Futuro e na Praia de Iracema. E no dia 15 também na Praia do Futuro e Praia de Iracema com toda uma programação específica, cada grupo montou a sua, mas a gente divulga todas, para que as pessoas possam estar aprendendo, valorizando e conhecendo. Quando for no dia 17 nós retornamos ao Theatro com o “teatro de portas abertas”, com apresentações culturais, a Feira Negra e a grande finalização.

Esse é um grande avanço do nosso trabalho, da nossa luta enquanto povos tradicionais de terreiro aqui no Ceará, mas dialogando nacionalmente com outros povos, com outros estados e nos fortalecendo. 

Quais são as expectativas para esse ano?

A primeira de todas era construir, desenhar a programação e ela já está linda demais. Nós que construímos ficamos muito emocionados de ver já pronta, porque a Festa é para todos, mesmo àqueles que não estão na construção, mas fazem parte. A Festa não é minha, não é sua, a Festa é nossa. A Festa é da grande mãe Iemanjá e esse nome “Iemanjá, mãe patrimônio do Ceará” já está dizendo isso, ela é patrimônio do Ceará. Que as pessoas se sintam convidadas a vir, a Festa foi pensada com todo carinho para desconstruir medos, para que as pessoas vejam essa beleza. 

É importante que as pessoas conheçam e respeitem, respeitem essa grande mãe, essa mulher, porque Iemanjá é uma mulher, mãe, acolhedora, que nos alimenta, cuida de nós, canta para nos embalar, canta para nos fortalecer. É muito profundo. Quem não conhece venha conhecer, vai ser acolhida.

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Editado por: Camila Garcia
Tags: brasil de fato cecandombléfesta de iemanjáfortalezaiemanjáumbanda
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