A Polícia Federal (PF) brasileira rastreou a localização do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio e de seus familiares na Espanha e avalia pedir uma cooperação internacional com o país europeu para cumprir o mandado de prisão contra ele determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em dezembro do ano ado. Em julho deste ano, o ministro também determinou a inclusão do nome de Oswaldo na difusão vermelha da Interpol, a lista da polícia internacional de pessoas procuradas pela Justiça. Apesar disso, o nome de Eustáquio não aparece no site da instituição.
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“Em continuidade às ações na seara da cooperação policial internacional, identificamos que Oswaldo Eustáquio Filho, a quem foi expedido mandado de prisão temporária pelo Supremo Tribunal Federal, provavelmente encontra-se na Espanha. Neste contexto, e considerando a existência de tratado de extradição firmado entre a República Federativa do Brasil e o Reino da Espanha, promulgado pelo decreto nº 99340, de 22 de junho de 1990, tem-se que a eventual formulação de pedido de extradição direta ao governo da Espanha, pelo juízo competente, mostra-se potencialmente como alternativa viável à detenção do indivíduo, com posterior envio deste ao Brasil”, afirmou o delegado da PF e coordenador–geral de Cooperação Policial Internacional, Fábio Alceu Mertens, em ofício encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes no final de setembro.
Os investigadores da Operação Lesa Pátria chegaram ao endereço após o Comitê Nacional para Refugiados do Paraguai negar, em 14 de setembro, asilo político a Eustáquio e outros quatro bolsonaristas que estavam no país vizinho. Do grupo, três foram detidos em uma operação da Interpol com a polícia paraguaia para cumprir os mandados expedidos pelo Brasil. Eustáquio, por sua vez, não foi localizado pelas autoridades locais, e seguiu afirmando que estava no país em lives que realizou nas redes sociais após a prisão dos bolsonaristas no Paraguai.
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A PF, então, solicitou à Meta, empresa dona do Facebook e Instagram, que informasse os endereços de IPs utilizados por Eustáquio nas lives. A empresa informou que, em pelo menos duas ocasiões no mês de setembro, os os do blogueiro ocorreram de equipamentos que estavam em cidades espanholas. Um o foi nas proximidades de Madri e outro na cidade de Castelló de la Plana, no interior do país. Além disso, ao analisar o conteúdo das lives, chamou atenção da Polícia Federal o fato de Oswaldo Eustaquio ter mostrado uma foto de sua família em seu aparelho celular para mostrar que os filhos estavam bem e pedir doações.
Eram 22h22 no Brasil quando Oswaldo mostrou a fotografia na live. Ao mostrar seu celular no vídeo, porém, o aparelho registrava o horário de 3h21 da madrugada, uma diferença de cinco horas que corresponde exatamente à diferença de fuso entre Brasil e Espanha.
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Familiares e PIX
Além do rastreamento pelas redes sociais, os investigadores da PF checaram nos registros de entrada e saída do país que a esposa e os três filhos de blogueiro deixaram o Brasil pelo aeroporto de Brasília rumo a Madri em 20 de julho deste ano. Outro ponto que chamou a atenção foi que, já em março deste ano, após a polícia paraguaia não conseguir deter Eustáquio, pois ele aguardava a análise do pedido de asilo, foi registrada a saída de uma pessoa com o documento dele do país vizinho com destino à Argentina. Ao checar as fotos, porém, a PF constatou que não era Eustáquio.
Somado a isso, a Polícia Federal também identificou que, após o ministro Alexandre de Moraes determinar em 19 de setembro o bloqueio da conta utilizada pela filha de Eustáquio para receber doações para o blogueiro via PIX, foram abertas outras duas contas em bancos digitais em nome da filha do bolsonarista e cadastradas chaves-pix para que ele siga recebendo doações. A PF identificou que ele cadastrou em uma das novas contas a mesma chave-pix que fora bloqueada por Moraes, além de ter cadastrado uma nova chave que ele também usa para pedir doações nos perfis que ainda istra nas redes sociais.