A operação Murder Inc, da Polícia Federal (PF), que resultou na prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (ex-União Brasil-RJ), do seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), e do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa pode ter encerrado a investigação da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes.
Em entrevista coletiva no último domingo (24), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, confirmou que a investigação só prosseguirá se houver novos fatos que exijam mais esforços da Polícia Federal.
Com a investigação concluída, já é possível construir um organograma do crime. O possível executor de Marielle Franco, já é conhecido desde 14 de março de 2019, quando Ronnie Lessa, assassino confesso, foi detido em sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ).
Organograma baseado em relatório da PF mostra atribuições no planejamento e execução do assassinato
Infográfico mostra a relação entre os suspeitos e a atuação de cada um no assassinato, conforme investigação da PF / Arte/ Brasil de Fato
Quem é quem na trama criminosa
Lessa teria sido contratado por Edmilson da Silva, o Macalé, ex-policial e miliciano, que teria sido acionado pelos irmãos Brazão, que, segundo a investigação, buscavam um assassino que toe executar a vereadora.
Macalé foi executado em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, em 2021. Câmeras posicionadas nas ruas mostram quando ele atravessava uma via com duas gaiolas na mão, e um carro com atiradores para ao seu lado. O motivo da execução não foi revelado.
De acordo com a investigação, Lessa foi quem puxou o gatilho, mas também teria participado do planejamento da execução. Foi ele quem convidou o ex-policial militar Élcio Queiroz para dirigir o Cobalt prata utilizado no crime.
Também teria sido Lessa, conforme o relatório da PF, quem participou de reuniões com o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa para planejar o assassinato de Marielle e Anderson.
A prisão de Rivaldo Barbosa surpreendeu inclusive a família de Marielle Franco. Foi ele quem acolheu os parentes da vereadora logo após a morte e prometeu, diversas vezes, que solucionaria o caso.
Barbosa, segundo a PF, trabalhou para atrapalhar as investigações, plantando falsas pistas e demitindo delegados que se aproximavam do desfecho do caso.
Foi Barbosa quem nomeou o delegado Giniton Lages como responsável pela investigação do caso. Ele é acusado de ter atrapalhado a apuração do crime para proteger a identidade dos irmãos Brazão.
O ex-sargento do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro Maxwell Simões, o Suel, foi contatado por Lessa e teve a responsabilidade, de acordo com a PF, de conseguir um veículo para o crime. Ele também teria ajudado no descarte das armas utilizadas.
Quem descartou o veículo foi o mecânico Edilson Barbosa, o Orelha, amigo de Queiroz.
Infográfico mostra a relação entre os suspeitos e a atuação de cada um no assassinato
O que dizem os suspeitos
Em nota à Folha de São Paulo, a assessoria de Domingos Brazão afirma que o conselheiro "foi surpreendido" pela decisão do STF e que inexiste "qualquer envolvimento com os personagens citados, ressaltando que delações não devem ser tratadas como verdade absoluta —especialmente quando se trata da palavra de criminosos que fizeram dos assassinatos seu meio de vida".
Em nota enviada ao G1, Giniton Lages disse que, quando esteve a frente do caso, tomou "todas as diligências necessárias à elucidação do caso" e que "o resultado desse trabalho foi a prisão dos executores".
Ao Uol, a defesa de Rivaldo Barbosa justificou a ausência de manifestação por ainda não ter o aos autos nem à decisão que decretou a prisão.
Até o momento, não houve manifestação por parte do deputado federal Chiquinho Brazão.
